quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Os limites do corpo e da mente



Esta é a história de uma aventura que desafia os limites do corpo e da mente. A repórter de ÉPOCA fez um retiro de meditação, no interior do Rio de Janeiro. Foram dez dias sem falar, ler ou escrever, mais de uma centena de horas imóvel. O objetivo do curso era mudar o funcionamento da mente para eliminar o sofrimento. Dos 61 participantes, cinco desistiram em diferentes etapas do percurso. A seguir, o relato dessa longa viagem pela geografia interior
Eliane Brum

Texto completo:
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/1,,EMI4711-15257,00.html

Outro Texto
Por que as pessoas falam tanto?
Vivemos num mundo de surdos sem deficiência auditiva
ELIANE BRUM


Repórter especial de ÉPOCA, integra a equipe da revista desde 2000. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de Jornalismo. É autora de A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo)

Uma vez passei dez dias num retiro de meditação vipássana, no interior do Rio de Janeiro, para fazer uma reportagem para ÉPOCA. Havia muitas regras. Uma delas era o silêncio. Por dez dias era proibido falar. Também devíamos evitar olhar para as outras pessoas. O objetivo era silenciar a mente até que não houvesse nenhum ruído também dentro de nós. Foi uma experiência fantástica, que me mudou para sempre. Nunca antes estive tão em mim. E nunca depois voltei a estar.
O silêncio e um progressivo mergulho interno, em vez de me alienar do mundo, me conectaram a ele de um modo até então inédito para mim. Eu sentia cada segundo, por que eles demoravam a passar. Percebia o vento e as nuances das cores do céu e das folhas das árvores em detalhes. Olhava, cheirava, ouvia e tocava o mundo como se tudo fosse novo. Cada centímetro de terra era capaz de me ocupar por minutos. Sem palavras, a realidade me alcançava com mais força. Finalmente eu não apenas compreendia, mas vivia a poesia de Alberto Caeiro: “Sinto-me nascido a cada momento para a eterna novidade do mundo”.

fonte:
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI94063-15230,00.html